Assédio laboral
Se há tema onde a realidade pouco nos permite dizer é o do assédio laboral.
O assédio é sofrido em silêncio, envergonhada e isoladamente. Não se comunga ou partilha. Os colegas não se querem unir a quem dá a voz, mesmo que sofrem também de assédio.
O espírito do coletivo, do bem-comum, da estratégia, não são parte do homo laboriens de hoje.
A cultura individualista, em que cada um se isola e se precariza, em nome do pretenso bem comum (que não o é), permite uma legitimação de fura-condições de trabalho, talvez inédita.
O entendimento jurisprudencial, ainda atual (infortunadamente atual), no sentido de que quem não reclama durante a vigência laboral, nada pode reclamar após [encarnando uma (não) legitimação absurda do princípio da imprescritibilidade dos créditos laborais] (esquecendo-se, (convenientemente) da aparidade contratual que forja, em suor e sangue, o contrato de trabalho.
Essa que cala a trabalhadora grávida que indica que o está e que com tal declaração vê o contrato a termo não ser renovado.
Ou aquele em que em determinada pós-graduação o docente por ser da Casa, e apenas por isso, recebe menos retribuição.
Mas, o que fustiga e dói é a frase: há quem esteja pior, financeiramente pior.
Como se uma vida se medisse por quem está financeiramente pior ou melhor, nesta Arte Única de se Ser, Humano.
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